Cerca de 7 mil policiais, além de seguranças contratados, atuarão nas proximidades das zonas eleitorais
As eleições terão um esquema reforçado de segurança no Paraná a partir de sexta-feira (30), dois dias antes da votação. Cerca de 7 mil policiais militares, agentes da Polícia Civil, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de seguranças particulares contratados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), atuarão nas proximidades das zonas eleitorais e em regiões consideradas de risco.
O esquema foi detalhado nesta terça-feira (27) pelo presidente do TRE-PR, desembargador Wellington Emanuel Coimbra de Moura, ao lado do secretário de Estado da Segurança Pública, Wagner Mesquita de Oliveira, e de representantes da Polícia Militar, da PM e da PF. O presidente do TRE-PR garantiu que será “a melhor eleição de todos os tempos”, mas há a preocupação com possíveis atos de violência e atentados no dia da votação.
Na semana passada, dois episódios foram registrados no país: no dia 23, um eleitor do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi morto a facadas em um bar em Cascavel (CE), após declarar seu voto; no dia 24, uma jovem de 19 anos foi agredida a pauladas por criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) em Angra dos Reis (RJ). Em julho, o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda foi morto a tiros na própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu, pelo policial penal Jorge Guaranho, após uma discussão sobre política. A decoração da festa tinha imagens de Lula e Guaranho é eleitor de Bolsonaro.
Segundo o coronel Hudson Leôncio Teixeira, comandante-geral da PM no Paraná, além dos 7 mil policiais escalados para o dia da eleição, as tropas especiais da corporação ficarão mobilizadas. “Teremos 7 mil policiais envolvidos diretamente. As tropas de choque e da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) ficarão próximas dos locais de apuração, para que não ocorra nenhum problema”, disse Teixeira. Cada zona eleitoral terá um ou dois policiais e uma viatura a uma distância máxima de 100 metros.
Monitoramento
As informações serão centralizadas no Centro Integrado de Comando e Controle, no Centro Cívico. “Todos os representantes das forças federais e estaduais estarão reunidos e vamos reunir todas as ocorrências policiais neste local”, afirmou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita. “Esse centro está ligado aos 27 outros centros do país e ao centro nacional, em Brasília. O Paraná fará parte de uma grande rede nacional e a expectativa é de uma eleição tranquila”.
Mesquita disse que o Centro de Inteligência da Polícia Civil vem monitorando a possível realização de atos e manifestações no dia da eleição, o que é proibido. “Até o momento não identificamos nenhum elemento novo ou que cause alguma estranheza no trabalho da segurança pública. As nossas forças de segurança já têm expertise, cada uma tem o seu planejamento operacional amadurecido e na sexta-feira faremos a coordenação formal”.
Atenção especial
Já a Polícia Rodoviária Federal mapeou 89 pontos no Estado que merecerão atenção especial no dia da votação. “Temos muitas regiões ribeirinhas ao longo das rodovias federais e muitos locais de votação, escolas que são próximas. Temos também áreas indígenas, casos de Laranjeiras do Sul e Guaíra. São vários pontos onde a Polícia Rodoviária necessita ter uma atenção especial e dar suporte às demais forças de segurança”, disse o superintendente da PRF no Paraná, Antônio Paim de Abreu Júnior.
O desembargador Wellington Emanuel Coimbra de Moura confirmou que o TRE-PR contratou 154 seguranças particulares, que ficarão em todos os fóruns eleitorais do Paraná entre sexta e segunda-feira (3). “O objetivo é garantir a integridade física das autoridades, servidoras e servidores da Justiça Eleitoral”, disse o presidente do Tribunal.
Segundo o presidente do TRE-PR, a previsão é de que os votos no estado sejam totalizados em até 5 horas depois do final da votação, às 17h. “A Justiça Eleitoral é de vanguarda, graças às urnas eletrônicas. A totalização será feita em Brasília, mas é possível fazer uma apuração paralela a partir dos boletins de urna”.
CELULARES
Eleitor que filmar voto será detido
O eleitor não poderá entrar na cabine de votação com o telefone celular, segundo determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As zonas eleitorais terão um local para o eleitor deixar o celular enquanto vota. “O eleitor pode levar seu celular até o local de votação, até porque tem o título digital e o local de votação. Quem quiser entrar na cabine com o celular será impedido de votar”, alertou Wellington Emanuel Coimbra de Moura. Quem for flagrado filmando ou fotografando o momento do voto será preso.
Também são proibidas aglomerações, uso de alto-falantes e a chamada propaganda de boca de urna, com a intenção de convencer eleitores, no dia da votação. Quem for pego praticando boca de urna está sujeito a prisão. A pena, em caso de condenação, pode variar de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade e multa no valor de até R$ 15.961,50.
PREVENÇÃO
‘Lei Seca’ volta após 15 anos; bares e restaurantes vão à Justiça
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) confirmou nesta terça-feira (27) que a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas serão proibidos das 8 horas às 18 horas de domingo, dia das eleições gerais em todo o país. O objetivo, segundo o secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita, é garantir a ordem no horário da votação.
“É uma medida preventiva, que visa manter a ordem e o bom andamento dos trabalhos no dia da eleição. Poderia até ser prolongada (a proibição), mas a medida está sendo tomada de forma comedida”, disse Mesquita. “Não haverá impacto em comemorações, sejam no dia anterior ou depois da eleição. É uma medida dentro do limite do bom senso.”
No início da semana, a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) encaminhou um ofício à Sesp pedindo que a Lei Seca não fosse aplicada neste ano no estado. Em eleições anteriores, a proibição da venda e do consumo de bebidas alcoólicas valia por 24 horas, e não apenas no horário da votação.
Recurso
A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (AbraBar) vai recorrer, ao Tribunal de Justiça (TJPR), contra a Lei Seca. A iniciativa atende apelo de empreendedores de restaurantes, churrascarias e restaurantes e bares de hotéis associados.
“Nós tentamos, através da AbraBar, não ter Lei Seca no Paraná, durante o período de 24 horas, no dia da eleição. Respeitamos a posição da Sesp de adotar das 8h às 18h, mas temos que pensar nos nossos colegas que trabalham na hora do almoço, os restaurantes, churrascarias e hotéis”, disse o presidente Fábio Aguayo, em vídeo publicado nas redes sociais.
“Para as casas noturnas e bares, que funcionam à noite, está dentro da razoabilidade, do bom senso, mas falta isonomia para estes empresários, que não poderão vender bebida alcoólica durante o dia”, ressaltou. Na avaliação de Aguayo, estes estabelecimentos e colaboradores precisam exercer esta atividade normalmente “Então, a pedido destes empresários estamos questionando juridicamente no TJPR, para que nossos associados possam trabalhar na hora do almoço. A polarização não pode prejudicar a nossa categoria. A liberdade econômica e a democracia são mais importantes e não podem ser cerceados direitos e produtos lícitos”, afirmou.
Preto no branco
Para exempliar uma situação, Aguayo imaginou a seguinte situação assim: o Paraná terá mais de 24,2 mil eleitores votando em trânsito, destes 6,9 mil e quase 3,5 mil estarão em Curitiba e Foz do Iguaçu, respectivamente, que são cidades com forte apelo turístico. “Este eleitor, que estará hospedado sai cedo para votar e retorna para ficar na piscina, ou ir no bar ou restaurante do hotel, não poderá tomar uma bebida?”.
Outra situação, muitos paranaenses se hospedam em Curitiba, votam e seguem para Balneário Camboriú ou Florianópolis em SC. “Como não tem Lei Seca há mais de 15 anos, eles acabam indo gastar o dinheiro deles nos restaurantes, bares e hotéis de Santa Catarina. Sem contar os eventos clandestinos, que já tem convites pipocando nas redes sociais”, concluiu Aguayo.