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domingo, novembro 24, 2024

Queens, uma volta ao mundo através da gastronomia

Viajar por quase todo o mundo através da comida é possível no Queens. Este distrito de Nova York, destino final de milhares de imigrantes durante o último século, é hoje uma rota gastronômica incontornável para moradores e turistas da Big Apple.

Localizado do outro lado do East River, de frente para Manhattan, tornou-se um dos distritos mais diversificados do país graças à imigração.

“Dos cinco distritos (que compõem Nova York), o Queens tem a população mais diversificada do país, com mais de 100 etnias” e pelo menos uma centena de cozinhas, explica à AFP Robert Sietsema, crítico gastronômico da revista digital Eater.com.

Embora ninguém saiba ao certo, já que os imigrantes continuam chegando, especifica. “Tibetanos e nepaleses, por exemplo, chegaram recentemente a Jackson Heights”, um dos bairros mais vibrantes deste condado de quase 2,5 milhões de habitantes.

Basta pegar a linha 7 do metrô para mergulhar neste festival de sabores, aromas, texturas e produtos exóticos. E apesar da pandemia da covid-19, que atingiu com força o bairro, a oferta continua aumentando.

Quatro novos restaurantes foram adicionados à extensa lista em fevereiro: um turco, um de Hong Kong, um de Singapura e um italiano, segundo o Eater.com.

Roteiro

Se o que busca é “viajar” pelos países e territórios representados pela comida do Queens, é melhor ter um roteiro, como o ‘instagrammer’ Andrew Doro, de 39 anos, fundador da conta everycountryfoodnyc.com.

Em 2015, partiu em uma volta ao mundo através das cozinhas por toda a cidade de Nova York. Ele “travou em 145”, confessa.

“Era fácil até 100-110. Agora, tenho que estar atento a qualquer coisa que surja”.

Doro mostra à AFP alguns de seus lugares favoritos nas ruas nevadas do Queens.

A rota começa na Praça da Diversidade, no coração de Jackson Heights. Agora “abriga cada vez mais brancos de classe média, atraídos pela diversidade”, embora também seja “uma espécie de epicentro de muitos países do sul da Ásia e do Himalaia”, além de colombianos e mexicanos.

A primeira parada é um lugar minúsculo, na entrada do metrô, o Café Yun do birmanês Yun Naing, de 25 anos, recém-chegado. Oferece especialidades do seu país como saladas e sopas e vende os ingredientes essenciais para as preparar.

“Nosso café é conhecido por servir a autêntica comida birmanesa e é por isso que preferimos importar os produtos que o tornam especial”, diz.

Arepas, uma instituição

Na 37th Street, o centro da gastronomia de Jackson Heights, o Arepa Lady é um clássico desta especialidade colombiana, criado por María Cano, que fugiu de sua cidade natal Medellín devido à violência das drogas durante os anos de liderança de Pablo Escobar.

Após começar vendendo arepas em um carrinho, ela abriu dois restaurantes.

A variedade do Queens contribui para o sucesso dos seus restaurantes, diz Brandon Klinger, o gerente, apesar de com a covid o “negócio ter decaído muito”.

Mais a leste, Flushing, o bairro chinês que, segundo os locais, já superou a lendária Manhattan em tamanho, é uma colmeia de lugares onde se pode saborear a especialidade de alguma região da China ou da Coreia.

Astoria, de frente para Manhattan, outrora destino de imigrantes gregos e judeus europeus e agora convertido em bairro residencial para os nova-iorquinos que fogem dos preços estratosféricos da Big Apple, abriga comunidades como a egípcia e a brasileira; em Woodside há a comunidade filipina e em Ridgewood Balkan, imigrantes irlandeses e porto-riquenhos.

Em Elmhurst os tailandeses se misturam com colombianos e cada vez mais mexicanos, além de equatorianos, peruanos e uruguaios. E na Steinway, cipriotas gregos convivem com brasileiros e coreanos, num caldeirão de culturas e convivências alheios às tensões vividas por muitos de seus países de origem.

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