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sexta-feira, novembro 22, 2024

Forças russas bombardeiam a prefeitura de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia

No sexto dia de guerra no Leste Europeu, russos também destruíram a principal torre de rádio e televisão de Kiev. Mais de 660 mil pessoas já deixaram a Ucrânia, de acordo com as Nações Unidas

Mais de 660 mil pessoas já deixaram a Ucrânia, segundo as Nações Unidas. Nesta terça-feira (1º), bombardeios russos atingiram o coração das duas maiores cidades do país.

O comboio russo a caminho de Kiev já se estende por mais de 60 quilômetros. Mas especialistas dizem que o avanço é lento porque os tanques quebram com frequência.

Nesta terça-feira (1º), um foguete russo atingiu o prédio da administração regional de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. A Praça da Liberdade ficou coberta de escombros. Dez pessoas morreram, entre elas um estudante indiano; 35 ficaram feridas. Kharkiv foi a primeira capital da Ucrânia quando a república foi formada dentro da União Soviética.

Removendo mais um corpo, um homem faz uma ironia: “São os russos chegando para nos libertar”. Outras áreas residenciais também foram atingidas.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que não havia alvos militares em Kharkiv, e que o ataque foi simplesmente terrorismo. “Esse é o preço da liberdade”, disse ele.

Nesta terça (1º) aconteceu o que se acredita ser a primeira troca de prisioneiros dessa guerra. Um oficial russo por cinco militares ucranianos, segundo o governo da cidade de Sumy, no nordeste do país.

Uma segunda rodada de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia foi marcada para quarta-feira (2), em Belarus. Mas Zelensky quer uma interrupção nos combates antes de se sentar à mesa.

De Moscou, a mensagem é outra:

“A operação militar vai continuar até que nossos objetivos sejam alcançados”, disse o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu.

O ministro ainda insistiu que está tomando todas as medidas necessárias para proteger os civis. Os alvos, segundo ele, são apenas militares, usando armas guiadas de alta precisão.

O governo russo avisou que atingiria alvos de telecomunicações em Kiev, e recomendou que a população deixasse a capital. Mas muitos ficam com medo do que pode acontecer na estrada. No fim de semana, Polina, de 10 anos, foi morta a tiros por soldados russos com os pais quando a família tentava sair. O irmão e a irmã estão no hospital.

Menos de duas horas depois do alerta, veio o ataque. Um bombardeio atingiu a principal torre de transmissão de TV da cidade; 5 pessoas morreram. O ataque danificou também o memorial às vítimas ucranianas do Holocausto. O presidente Zelensky, numa mensagem nas redes sociais, declarou: “Passamos 80 anos dizendo nunca mais. Para quê? A história se repete”.

Mais de 660 mil refugiados

Cada bomba na Ucrânia expulsa mais pessoas do país. Em um ponto de acolhimento para refugiados na Polônia, elas encontram muita ajuda. Cada placa é um voluntário oferecendo carona para uma cidade não só para Polônia — tem gente oferecendo carona, por exemplo, para Berlim, na Alemanha, para Praga, na República Tcheca. É a primeira parada em que os refugiados encontram essa força de voluntários na Polônia.

Muitas pessoas também estão indo para os outros países vizinhos da Ucrânia. Três gerações na estrada para a Hungria: avó, mãe e netas. A senhora de 80 anos conta que nasceu durante a ocupação nazista na Ucrânia, na Segunda Guerra Mundial. Ela não queria sair de casa, só aceitou fugir pela insistência das netas.

Alguns denunciam racismo na travessia. Em um posto na Romênia, Ethel, de Gana, diz que os guardas deixavam passar primeiro os ucranianos, depois indianos, árabes e, por último, os negros. A marroquina Selma disse que um policial cobrou passagem num trem que deveria ser de graça: “Ele disse que só era gratuito para ucranianos. Eu sou estudante, eu pago impostos também”.

No meio de tanto problema, crianças escolhem um brinquedo novo – graças às muitas doações. O pai chama os filhos. As crianças não sabem que estão vivendo uma guerra. Arsin tem 3 anos. Arisa, 6.

“A gente não explicou para eles a situação. Eles não entendem o que está acontecendo. Minha filha é inteligente, ela ouve algumas coisas, mas eles não sabem. Como é que eu vou explicar?”, pergunta um refugiado.

Ebrahim disse para as crianças que essa é uma viagem em família. Elas acham que estão indo visitar um primo na Polônia e parecem estar gostando do que na cabeça delas é uma aventura.

As crianças vão brincar e Ebrahim deixa sair um pouco da raiva que está sentindo de Vladimir Putin. Fala para a câmera como se falasse olhando para o russo:

“Eu não fiz nada. Ele nem me conhece, por que ele quer matar minhas crianças? Putin, me escuta, a gente é valente. Nós não temos medo de você. Você é um assassino. Para com isso. O que você está fazendo com a vida das pessoas? Quem é você? Quem te autorizou a matar ucranianos? A Ucrânia não é seu país. Tem muito russo vivendo nos Estados Unidos. Vai lá salvá-los. Vai lá, ataca os americanos!.Por que você não isso? Porque a Ucrânia é menor, ? Mas a gente é valente.”

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