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sábado, novembro 23, 2024

‘Turismo médico’ tem Curitiba como uma das cidades em destaque

Referência no atendimento pediátrico e oncológico, Curitiba recebe a cada ano milhares de pacientes vindos de outras cidades. Apenas em 2021, por exemplo, foram mais de 10 mil pessoas procedentes de localidades diversas vindo à capital paranaense em busca de atendimentos, tratamentos e outros procedimentos voltados à saúde, o que dá um destaque especial à cidade no chamado turismo médico. Um destaque que deve ser fortalecido nos próximos anos.

Segundo estudo da Zion Market Research, a cada ano o turismo médico movimenta bilhões de dólares globalmente. Em 2019 foram 102,6 bilhões e a previsão é chegar a 272,7 bilhões em 2027, um incremento de 165,8%. O Brasil, inclusive, é um dos países que mais movimenta o segmento. Prova disso é que dados da MTA (Medical Tourism Association) apontam o país como top 2 no “Medical Tourism destination in the world”, ficando atrás apenas da Índia, numa pesquisa que mede a infraestrutura, a logística, o atendimento clínico dos países e sua capacidade de atender ao público.

Em Curitiba, dois hospitais se destacam no atendimento ao público de fora da cidade. São os hospitais Pequeno Príncipe, especializado em atendimento pediátrico, e o Erasto Gaertner, referência no tratamento oncológico.

O primeiro realizou, entre 2019 e 2021, um total de 50.267 atendimentos, com 22.046 (44% do total) pacientes de Curitiba; 25.668 (51%) provenientes de outras cidades do Paraná; e 2.553 (5%) de outros estados. O segundo, no mesmo período, recebeu 21.186 casos novos de pacientes oncológicos. Desses, 16.639 (79%) eram moradores de Curitiba e Região Metropolitana; 4.115 (19%) vieram do interior do Paraná; e 432 (2%) moravam em outros estados e vieram tratar um câncer na capital paranaense.

Somente no ano passado foram 6.539 casos novos oncológicos atendidos pelo Erasto Gaertner, dos quais 1.141 (17,4%) eram pacientes do interior do Paraná ou de outros estados; já no Pequeno Príncipe houve 15.821 atendimentos em 2021, dos quais 8.709 (55%) eram pacientes de outras cidades do Paraná (inclusive a Região Metropolitana de Curitiba) ou mesmo de outros estados.

Capital vai ganhar novo empreendimento na área

Tanto no caso do Pequeno Príncipe como no do Erasto Gaertner, muitas famílias – especialmente aquelas atendidas via sistema público de saúde – são acolhidas por parentes ou vão para casas de apoio no período em que precisam ficar na capital paranaense.

Em breve, porém, o turismo médico na cidade será fortalecido. É que estão sendo feitos grandes investimentos para atrair pessoas interessadas no bem-estar e saúde. Um exemplo disso é o Eco Medical Center, que será o primeiro complexo médico no Brasil com gestão centralizada e 100% voltado para a locação de espaços exclusivos para a área da saúde.

Com inauguração prevista para abril de 2022, o empreendimento vai reunir mais de 30 especialidades médicas, o que vai facilitar a vida dos pacientes que poderão cuidar da saúde de forma preventiva em um só lugar, inclusive com a realização de exames e cirurgias de baixa e média complexidade.

De acordo com o CEO do Eco Medical Center, Patrick Gil, a projeção é atender até sete mil pacientes por dia, com pelo menos 5% desse público vindo de outras cidades do Paraná, outros estados ou até mesmo de outros países.

“Curitiba já é uma cidade que atrai muitos pacientes de todo Brasil, principalmente pelo corpo clínico de excelência e temperatura amena, que dá conforto durante a recuperação. O Eco Medical Center será mais um ponto chave no desenvolvimento e tratamento de pacientes com cuidados avançados na área da saúde”, comenta o executivo, citando especialidades ortopédica, oncológica, pediátrica, estética e plástica/dermatológica como as que mais movimentam o turismo médico

“Por trás do ECO tem um ecossistema de gestão da jornada do paciente, e aí nos diferenciamos dos concorrentes. Enxergamos uma demanda dos pacientes para que tudo seja resolvido, desde o agendamento da consulta, passagem de avião, transfer pro hotel, levar para consulta, centro cirúrgico… Ninguém no Brasil conseguiu fazer isso de ponta a ponta”, complementa ainda Patrick Gil.

Hotel aproveita movimento para transformar pacientes em hóspedes

Diante dos movimentos que prometem fortalecer o turismo médico em Curitiba nos próximos anos, o hotel Grande Mercure Curitiba Rayon já se prepara para receber pacientes de hospitais como hóspedes, inclusive com a oferta de cuidados especiais, como cardápios diferenciados para pacientes que realizaram uma cirurgia bariátrica e adaptações nos próprios quartos do hotel, para facilitar a locomoção do hóspede/paciente e deixar o processo de recuperação mais confortável.

Gerente-geral do estabelecimento, Fernando Kanbara afirma que o fluxo de hóspedes de turismo médico tem sido uma fatia importante na ocupação do hotel. “Pessoas de várias partes do País têm se hospedado em nosso hotel durante sua estada em Curitiba para realizar tratamentos de saúde. Isso se explica, além dos serviços diferenciados e da qualidade de nosso produto, por nossa localização estratégica na cidade. Temos acompanhado esse mercado com muita atenção para atender, cada vez mais e melhor, esse cliente”.

Em 2021, por exemplo, o hotel teve 200 noite ligadas diretamente a pessoas vinculadas à operações médicas. Em 2022, nos primeiros 45 dias do ano, foram quase 60 noites com reservas desse tipo realizadas. “Estamos enxergando um potencial grande de crescimento, até pela abertura desse novo espaço médico [Eco Medical Center]”, aponta Kanbara, citando que a ideia é criar um cluster para oferecer um atendimento completo ao cliente.

“Ele [paciente/cliente] chega na cidade e temos já tudo pensado na locomoção do aeroporto até o hotel, temos uma enfermaria com profissional para dar suporte quando ele estiver aqui, e ao mesmo tempo criamos uma conjunção com o centro médico em si. Queremos juntar viagem, transporte e hospedagem, pro cliente se preocupar apenas em fazer a cirurgia”, diz.

Pacientes percorrem em média 385 quilômetros para chegar até Curitiba

Além de ser referência no atendimento médico em geral, o Hospital Pequeno Príncipe também é habilitado desde 2016, pelo Ministério da Saúde, como Serviço de Referência em Doenças Raras e se dedica ao tratamento de pacientes com esse diagnóstico há 15 anos. Por meio do Ambulatório de Doenças Raras, o Hospital busca minimizar os impactos da evolução da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.

O ambulatório de imunologia, que atende crianças com doenças raras ligadas aos erros inatos da imunidade, fez um levantamento que mostra que seus pacientes percorrem em média 385 quilômetros (7 horas e 40 minutos) para chegar até Curitiba. Quem percorreu a maior distância para realizar seu tratamento foi uma criança que veio de Rio Branco, no Acre: 3.670 quilômetros.

O Pequeno Príncipe realiza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Oferece atendimento em 32 especialidades, com equipes multiprofissionais especializadas, e 60% dos atendimentos são via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2021, mesmo com a pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 200 mil atendimentos e 14,7 mil cirurgias, que beneficiaram meninos e meninas do Brasil inteiro.

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