Vídeo apócrifo acusa o banco de não proteger meio ambiente e cita “PL do Veneno”; instituição fala em “ataque leviano”
Um vídeo apócrifo que circula nas redes sociais desde 2ª feira (14.fev.2022) critica o Itaú por sua atuação em sustentabilidade. Publicado sem indicação de autoria, o arquivo simula uma peça publicitária da instituição e diz que o banco faz “marketing”, mas não atua de forma decisiva a favor do meio ambiente.
Em nota, o Itaú repudiou o conteúdo do vídeo, compartilhado por atores e influenciadores digitais. O banco afirma que tem um compromisso para investir R$ 400 bilhões na área de sustentabilidade até 2025. Eis a íntegra do anúncio de investimentos na área do Itaú (293 KB).
“Trata-se de um ataque leviano que desmerece todo o trabalho que o banco realiza há décadas nessa frente, envolvendo não apenas recursos financeiros, mas, principalmente, a dedicação de milhares de colaboradores e parceiros”, diz o banco. Leia a íntegra da nota ao fim desta reportagem.
O vídeo também satiriza os comerciais da instituição bancária. “São dezenas de milhões de reais em anúncios para te convencer que a gente tem um compromisso com um mundo melhor”, diz o narrador. “Mas agora Brasília vai passar o maior pacote de distribuição ambiental da história. […] E o que o Itaú faz? Nada”.
Entre os projetos citados e criticados no vídeo está o PL (Projeto de Lei) 6.299/2002, apelidado pela oposição e por ambientalistas de “PL do Veneno”. O projeto surgiu em 2002 de autoria do ex-senador Blairo Maggi (PP-MT) e flexibiliza a legislação sobre os agrotóxicos.
Aprovado pela Câmara dos Deputados em 9 de fevereiro, o PL altera a denominação do termo “agrotóxicos” para “pesticidas” e centraliza a decisão no Ministério da Agricultura, retirando do Ibama e da Anvisa poder de avaliação de impacto e risco da substância. Agora, deve ser enviado de volta ao Senado.
Apesar de criticar o projeto, o vídeo passou a circular nas redes sociais depois da aprovação do PL pela Câmara. Assim, ainda que a peça de comunicação pressione por uma ação por parte do Itaú, o texto já foi aprovado pelos deputados.
Segundo o Itaú, a instituição tem uma atuação “amplamente reconhecida pelo mercado” na questão da sustentabilidade. “Além de todo o investimento que vem fazendo nas frentes ambientais, o Itaú Unibanco é, há anos, o maior investidor social privado do Brasil, com o direcionamento de cerca de R$ 600 milhões anuais para causas como educação, cultura, esporte e mobilidade”.
Crítica a bancos
O Itaú não é o 1º banco a ser criticado sobre a atuação ambiental. O Bradesco foi alvo de protestos em janeiro depois que sua marca foi associada ao movimento “Segunda Sem Carne”.
Em um vídeo que circulou nas redes sociais no final de dezembro, 3 influenciadoras dão dicas para reduzir o impacto das emissões de gases do efeito estufa. Ao final, recomendam o uso do aplicativo do Bradesco, dizendo que a ferramenta está com uma funcionalidade nova. “Você vai lá, calcula quanto de carbono você emite, e consegue compensar no aplicativo.”
Grupos de pecuaristas e entidades do agronegócio fizeram churrascos na frente de a agências do Bradesco em 3 de janeiro. A manifestação foi chamada de “Segunda Com Carne” e houve distribuição de carne para a população.
O material que recomendava a “Segunda Sem Carne” foi retirado do ar, e o Bradesco divulgou um comunicado dizendo que o conteúdo não representa a visão do banco em relação ao consumo de carne bovina.
O que diz o Itaú
Eis a íntegra da nota do banco Itaú, divulgada em 15.fev.2022 às 9h30:
“O Itaú Unibanco vem a público manifestar repúdio sobre um vídeo, de autoria desconhecida, que passou a circular na tarde de ontem nas redes sociais. O vídeo, que simula uma peça publicitária do banco, ataca a organização ao afirmar, de forma mentirosa, que nossa atuação sobre temas de sustentabilidade se restringe a ações de comunicação. Trata-se de um ataque leviano que desmerece todo o trabalho que o banco realiza há décadas nessa frente, envolvendo não apenas recursos financeiros, mas, principalmente, a dedicação de milhares de colaboradores e parceiros.
“A atuação do Itaú nos temas de sustentabilidade é amplamente reconhecida pelo mercado. Somos o único banco brasileiro a integrar as carteiras dos Índices de Sustentabilidade do Dow Jones e da B3 desde sua criação. Mantemos diversas iniciativas com foco ambiental, como o Plano Amazônia, criado em 2020 em parceria com outros dois bancos para atuar no desenvolvimento sustentável da região; e o compromisso de contribuir, até 2025, com R$ 400 bilhões para promover uma economia sustentável e mais inclusiva, por meio de concessão de crédito em setores de impacto positivo e operações de mercado de capitais. Em 2021, o banco anunciou, ainda, a adesão ao Net-Zero Banking Alliance (NZBA), acordo mundial liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de se tornar carbono neutro até 2050.
“Além de todo o investimento que vem fazendo nas frentes ambientais, o Itaú Unibanco é, há anos, o maior investidor social privado do Brasil, com o direcionamento de cerca de R$ 600 milhões anuais para causas como educação, cultura, esporte e mobilidade. Em 2020, para apoiar o Brasil no combate à pandemia da covid-19, o banco fez um investimento adicional de R$ 1,2 bilhão com o Todos pela Saúde, maior doação já realizada para uma única causa no País.
“Esses são apenas alguns exemplos da atuação do Itaú Unibanco para gerar impacto positivo para o meio ambiente e a sociedade, e os detalhes podem ser conferidos em nosso site de Relações com Investidores.
“O Itaú Unibanco orgulha-se de ser referência em ESG e reforça o compromisso de continuar evoluindo no tema junto com a sociedade.
“Itaú Unibanco – 15 de fevereiro de 2022”