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quinta-feira, novembro 21, 2024

No Senado, embaixador de Israel pede tolerância zero com racismo e com discurso de ódio

Daniel Zonshine participou de sessão em homenagem às vítimas do holocausto. Declaração ocorre dois depois de podcaster ser desligado do podcast Flow por defender a existência de um partido nazista no Brasil

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, pediu nesta quinta-feira (10) em sessão no Senado tolerância zero com o racismo e com o discurso de ódio.

Zonshine foi um dos convidados da sessão especial em homenagem às vítimas do holocausto.

“Já faz 77 anos desde o dia da liberação do campo de extermínio de Auschwitz. Mas não tenho certeza se assimilamos o perigo de conexão entre ideias e ações. Holocausto é o extermínio de 6 milhões de judeus. Não aconteceu do nada. Foi baseado em ideologias nazistas e no discurso de ódio de mentes perturbadas. A lição que podemos e devemos tirar disso é ter zero tolerância a esse tipo de situação. Zero tolerância ao racismo, ao discurso de ódio, ao antissemitismo”, afirmou o embaixador.

A sessão ocorre dois dias depois de o podcaster e influencer Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, ter sido desligado do podcast Flow após ter defendido, em uma entrevista, a criação de um partido nazista no Brasil.

O embaixador comentou o caso. Ele disse que uma de suas missões é levantar a voz contra ideias desse tipo.

“O exemplo que vimos nesta semana no podcast Flow pode parecer bobagem. Nossa guerra é levantar a nossa voz contra a legitimação desse tipo de ideia. Estou aqui não só como embaixador de Israel, mas como judeu e filho de sobreviventes do holocausto. Conheço pessoalmente o resultado da ideologia e das ações horríveis executadas pelo regime nazista durante a 2ª guerra mundial”, continuou Zonshine.

Liberdade de expressão ‘tem limite’

Também presente à sessão, o presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg, ressaltou que esperava um “cenário diferente” ao relembrar o dia Internacional da Lembrança do Holocausto, datado em 27 de janeiro.

“Mas vejam que coincidência: justamente nesta semana, um dos mais importantes podcasts deste país faz um movimento demonstrando que, para alguns, quem sabe, a morte daqueles seis milhões de judeus e mais cinquenta milhões de pessoas, fruto de uma atrocidade de um partido nazista, não tenha sido suficiente para termos aprendido algo significativo no seu sentido do respeito à diversidade, no entendimento da tolerância”, afirmou Lottenberg.

O presidente da confederação israelita defendeu, ainda, que sejam criadas frentes de ensino para reforçar que “a tal liberdade de expressão tem limites quando vivemos em coletividade”. “Temos um marco constitucional que é abundante, robusto em todo o seu conteúdo, e lá está prevista, sim, a liberdade de expressão. Mas ela não pode afrontar outras liberdades e as garantias individuais”, disse.

A representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, afirmou que todos assistiram “entre chocados e perplexos” ao podcast Flow incitando “não apenas a ideia de um partido nazista mas também a possibilidade de se ser antijudeu”.

“De que maneira esses influenciadores se sentem à vontade e com liberdade para propor isso? Como é possível ser antijudeu? Como é possível ser antinegro, anti-índio, anti seja lá o que for, se nós temos como premissa da vida em sociedade o exercício da humanidade e do respeito aos direitos humanos?”, questionou Marlova.

“É muito importante que situações como essas não sejam banalizadas e tampouco minimizadas, porque minimizando situações desse tipo é que situações assim progridem, ganham escala e se tornam verdade para muitos”, acrescentou.

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