Num alerta para que autoridades invistam na preparação de cidades para lidar com enchentes, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) insiste que desastres como o de Petrópolis (RJ) não são resultados apenas de chuvas. Mas também de questões de infraestrutura e de planejamento urbano.
Nesta sexta-feira, a OMM considerou a situação de Petrópolis como “horrível”. Mas deixou claro que a intensidade das chuvas vai continuar a aumentar diante das mudanças climáticas.
“Temos de nos preparar para o fato de que teremos mais chuvas intensas no futuro”, disse Clair Nullis, porta-voz da agência ligada à ONU. Segundo ela, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas está se reunindo para avaliar o impacto do aquecimento global e a questão das chuvas entrará na agenda.
“Mas certamente sabemos que, no futuro, teremos chuvas mais fortes”, insistiu a porta-voz. “Uma atmosfera mais quente representa mais umidade e, quando chove, será mais forte”, explicou.
Segundo ela, a agência da ONU tem apontado para a necessidade de que autoridades estabeleçam sistemas de alertas contra enchentes. “Constantemente dizemos que precisam investir em um sistema de alerta e traduzir esses alertas em ações”, disse a porta-voz.
“Enchente não é só causada pela chuva. Mas por infraestrutura, pelo planejamento urbano. São vários fatores que precisam ser vistos como uma ação integrada”, alertou.
Um dos fatores que têm influenciado a região do Cone Sul é o fenômeno do La Niña. Segundo Clair Nullis, se isso gerou secas no Paraguai e Argentina, em partes do Brasil ele se traduziu em enchentes.
Usando dados nacionais brasileiros, a agência destacou como houve um recorde de volume de chuva em 24 horas em Petrópolis e afirmou ter sido “impactante” ver as imagens da força das águas descendo os morros.