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sexta-feira, novembro 22, 2024

Estimulada por Uraí, no Norte, produção de quiabo começa a se expandir no Estado

O caminho repleto de curvas, com terra batida daquelas bem avermelhadas, é a companhia diária do agricultor Luiz Carlos Shimada há anos. O trecho termina na pequena propriedade que ele administra em parceria com um amigo das antigas. Ali, plantam hortaliças que ajudam a fazer a fama de Uraí, cidade vizinha a Cornélio Procópio, na Região Norte.

Em tempos normais, com o clima a favor, Shimada costuma tirar da terra 120 caixas de 15 quilos de quiabo por semana. É um dos impulsionadores da cultura, que fazem do município o maior produtor do Paraná. Foram 594 toneladas em 2020, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Ou 7,5% das 7,9 mil toneladas produzidas em todo o Paraná no ano passado.

Um número pra lá de robusto para uma cidade de cerca de 11 mil habitantes, segundo a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Sou de Uraí, nasci aqui, e trabalho na agricultura desde os meus 15 anos. Nesse tempo todo a produção da cidade cresceu consideravelmente. Posso garantir que hoje é Uraí que abastece Curitiba e Londrina com quiabo. E quiabo da melhor qualidade”, diz Shimada, de 53 anos, que divide a área – e o ano agrário – com plantações de abobrinha e jiló, outros itens que também fazem sucesso na Ceasa de Londrina, o principal ponto de distribuição do agricultor. “Ajudam a completar o orçamento”, revela.

As hortaliças, aponta a Seab, ganham cada vez mais espaço no cenário do agronegócio paranaense. No recorte de 10 anos, entre 2007 e 2017, a produção estadual cresceu 80%, saltando de 1,71 milhão para 3,12 milhões de toneladas. E segue em tendência de alta, apesar da estiagem que atrapalhou o rendimento ao longo de 2020 e 2021. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), por exemplo, que era de R$ 3,29 bilhões passou para R$ 3,9 bilhões no ano passado, um incremento de quase 20%.

“Era para ser melhor ainda, mas o tempo seco, o frio, a geada e o vento atrapalharam. Tanto que estou aqui com o quiabo que plantei em maio e ainda não está pronto para colher”, afirma o agricultor, indicando que o tempo normal entre o plantio e a colheita não passa de 90 dias. “Está tudo diferente esse ano”.

Shimada destaca, contudo, que há um lado bom nessa demora inesperada: o valor do quilo da hortaliça. “Está bom. Aquele quiabo para a bandeja sai entre R$ 90 a R$ 100 a caixa. Já aquele mais fraco conseguimos vender por R$ 60 a R$ 70. A questão é só ter para comercializar”, diz.

SÉRIE – O quiabo de Uraí faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, desenvolvida pela Agência Estadual de Notícias (AEN). O material mostra o potencial do agronegócio paranaense. Os textos são publicados sempre às segundas-feiras. A previsão é que as reportagens se estendam durante todo o ano de 2021.

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