Pesquisa indica que nove a cada dez paranaenses têm algum tipo de dívida; veja como o orçamento familiar pode ajudar a diminuir o endividamento

Conforme pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), 95,8% das famílias possuíam algum tipo de dívida.

Se o número traça um cenário preocupante, especialistas orientam que é preciso planejamento para mudar. E um dos caminhos é o orçamento familiar – uma das ferramentas de planejamento financeiro que contribui para a realização de sonhos e projetos. Veja os detalhes de como organizar mais abaixo.

Receita X gastos

Em um ano (agosto 2021 – agosto 2022), o endividamento cresceu cerca de 5% no estado. Além disso, a inadimplência também aumentou para 26,3%. Desses, 8% reconhecem que não terão condições de pagar as contas atrasadas.

O maior vilão das dívidas é o cartão de crédito (83,7%). Em segundo lugar, aparece o financiamento do carro (8,9%).

O professor de economia da Faculdade Estácio, Hugo Meza Pinto, afirmou que a maioria das pessoas não consegue equilibrar os gastos de acordo com a renda.

Além disso, na avaliação dele, o Brasil tem um sistema financeiro que permite, que motiva, as pessoas a se endividar oferecendo condições de compra como o parcelamento em várias vezes sem juros.

Pinto ainda ressaltou que o maior problema “é quando a qualidade desse endividamento é feita em consumo supérfluo”.

Foi o que aconteceu com o Rafael Cavalcante Ribeiro e a esposa, Maria Caroline Ribeiro. Após o casamento, eles começaram a comprar os itens para a casa no cartão de crédito sem determinar o que era realmente importante.

“Chegou uma hora que a conta chegou, e já estava com o valor das parcelas das faturas acima do que eu e ela recebíamos. ”

Ele é uma ferramenta de planejamento financeiro que permite ter uma visão clara dos ganhos e das despesas da família. Também é por meio dele que se realizam planejamentos a longo prazo para adquirir bens e realizar projetos.

Para o professor Hugo, coordenador do projeto Consultório da Saúde Financeira, o orçamento familiar é uma necessidade que deve ser aprendida desde criança.

“Se o equilíbrio financeiro não é dado, dificilmente outras atividades podem dar certo. Então, o orçamento familiar é uma questão cultural que deveria ser inserida desde a vida inicial das pessoas.”

Ter um orçamento familiar definido é importante não só para conhecer a realidade financeira, mas também para:

• Identificar e entender os hábitos de consumo;
• Definir prioridades;
• Administrar imprevistos.

Como começar?

Um passo importante para começar a fazer um orçamento é o registrar tudo o que a família ganha e o que gasta durante o mês. É necessário realizar um planejamento das despesas com o objetivo de gastar bem o dinheiro, suprir as necessidades básicas e atingir metas.

O professor Pinto dá algumas dicas:

• Saber quanto ganha: é necessário identificar quando se ganha para então poder gastar.
• Saber quanto gasta: ter a consciência do quanto é gasto e como é gasto.
• Registrar os gastos: ter um controle das contas fixas, das contas esporádicas e poder começar a planejar uma aquisição a longo prazo.

Foi dessa forma que o Rafael e a esposa conseguiram reorganizar as contas e atingir o sonho que queriam, comprar um carro.

“A gente começou a separar o que era prioridade mesmo e o que a gente precisa para agora. O que não era emergência a gente deixava de lado, paramos de gastar na impulsividade”

Fonte: G1 Paraná