Destino de milhões de toneladas de restos de tecido são um problema para o meio ambiente. Deserto do Atacama, praia em Gana e lixões no Brasil são polos de descarte
Qual o destino daquela peça de roupa velha no fundo do armário? Para onde vão trapos e pedaços de tecido que não têm mais uso? E as sobras da produção da indústria têxtil? Mesmo com o trabalho de coletores e grupos que promovem o reaproveitamento de tecido, há muito lixo têxtil, não só no Brasil, mas no mundo. Agora, montanhas com milhões de toneladas de restos de roupas são um perigo para o meio ambiente.
O destino de milhares de toneladas são aterros sanitários. Mas no litoral de Gana, na África, ou no Deserto do Atacama, no Chile, as roupas empilhadas se tornaram parte do relevo da região. As consequências para o meio ambiente são devastadoras: mesmo as malhas feitas de algodão custam 20 anos para se decompor, enquanto as de materiais sintéticos podem resistir por até quatro séculos.
São quinze milhões de restos de tecido e peças de roupa quem chegam em Acra, capital de Gana, por semana, vindas da Europa, Ásia e Oriente Médio. Os itens são divididos em fardos, para serem vendidos, de acordo com a qualidade de conservação. Mas só uma parte é realmente negociada. O resto, é despejado nos lixões.
Samuel, da organização The Or, é especialista em moda e estuda o mercado de usados. Ele defende que Gana deveria ser recompensada por abrigar esse lixo de várias partes do planeta:
“Eu queria que Kantamanto fosse um espaço apreciado e reconhecido pelo trabalho que estamos fazendo pelo mundo. Toda a comunidade teria que ser recompensada e paga pelo o que estamos fazendo ao longo de todos esses anos.”
A mesma situação se repete no Deserto do Atacama, no Chile. A jornalista Nathalia Tavolieri, do Profissão Repórter, foi até lá para mostrar os efeitos do lixo e do desperdício. A reportagem completa faz parte da nova temporada do programa, que estreia na próxima terça, depois do BBB.