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quinta-feira, novembro 21, 2024

Mortes por apendicite aguda crescem 14% em meio à pandemia

Demora na procura por ajuda e lotação de hospitais explicam o aumento na mortalidade. Conheça os sintomas da doença.

Em meio à pandemia de Covid-19, o número de brasileiros que morreram de apendicite aguda aumentou 14,2% em 2020 em comparação com 2019, segundo dados do portal Datasus, do Ministério da Saúde, tabulados pela Agência Einstein. Foram 879 óbitos no primeiro ano da pandemia ante 770 no ano anterior.

Na última década, o crescimento médio anual de mortes por essa causa foi de 2%. A alta atípica em 2020 pode estar associada à demora pela procura de auxílio médico durante o surto de coronavírus e à lotação dos hospitais durante os períodos de pico da pandemia, o que pode ter deixado pacientes com outras queixas de saúde sem atendimento.

“O que percebemos foi que houve um retardo geral na procura por ajuda médica em relação a uma série de doenças, com o agravante de que muitos pronto-atendimentos foram fechados para se tornar atendimento à Covid-19. Ou seja, além de o paciente demorar mais para buscar ajuda, também demorava para conseguir acesso ao atendimento, com hospitais superlotados por covid”, argumenta o médico Adonis Nasr, cirurgião do aparelho digestivo, professor de cirurgia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordenador de cirurgia do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR).

O que é a apendicite?

O apêndice é uma estrutura anatômica que representa um prolongamento do intestino. Por se tratar de um órgão linfoide (que produz células de defesa), acredita-se que um estímulo imunológico pode ocasionar o inchaço e demais eventos que caracterizam a doença, a apendicite.

De acordo com Nasr, o quadro inicial da doença é inespecífico, e o paciente pode sentir uma dor abdominal vaga, mal-estar e não ter vontade de comer (inapetência). “Geralmente, não mais que isso”, explica o especialista.

“Aos poucos, [os sintomas] se intensificam e geram dor mais intensa no quadrante inferior direito do abdome, levando à apresentação mais clássica da apendicite. Ou seja, podemos esperar dor na fossa ilíaca direita [uma das nove divisões da anatomia do abdome], associada a perda de apetite, náuseas, vômitos e febre baixa. A tendência é o agravamento, com piora local e declínio do quadro geral do paciente, que fica mais febril e mais taquicárdico [aumento na frequência cardíaca]”, detalha o cirurgião.

Antes da pandemia

Até a instalação da Covid-19, a grande maioria dos casos de apendicite, segundo o cirurgião, era resolvida em fase inicial, com a infecção localizada no apêndice, através de uma cirurgia relativamente simples, com alta hospitalar de 24 horas.

“Com a chegada da pandemia, passamos a pegar casos cada vez mais graves, já evoluídos para peritonite, quando houve a obstrução completa do apêndice e a sua perfuração”, afirma.

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