Polêmica envolvendo atriz famosa reacende debate sobre acessibilidade para pessoas com baixa visão

Homem com deficiência visual foi constrangido por atriz em peça de teatro por estar usando fones de ouvido com recurso de audiodescrição

Um homem de 32 anos, portador de baixa visão, passou por um momento de grande constrangimento durante a exibição da peça de teatro “Cenas da Menopausa”, protagonizada recentemente pela atriz Cláudia Raia, em São Paulo (SP). Utilizando o recurso de audiodescrição para conseguir acompanhar o espetáculo, Rodolfo Cadamuro teve sua atenção chamada pela atriz, que apontou para ele e pediu que retirasse os fones de ouvido, sem saber que estava utilizando tal recurso.

Após ser informada de que se tratava de uma pessoa com deficiência visual, a atriz pediu desculpas ainda no palco e fez uma retratação em sua página no Instagram. “Ela achou que eu estava faltando com o respeito por estar usando o fone de ouvido. Na hora foi muito constrangedor, mas depois que ela soube o porquê, teve muito hombridade para se desculpar”, disse Rodolfo.       Esse fato ocorrido em São Paulo reacendeu a discussão sobre a importância da utilização do recurso da audiodescrição e, sobretudo, da inclusão social de pessoas com deficiência.

O que é a audiodescrição

A audiodescrição é um recurso de acessibilidade que vem transformando a forma como pessoas com deficiência visual ou baixa visão vivenciam espetáculos, filmes, exposições, eventos e até conteúdos digitais. Trata-se de uma narração objetiva e descritiva que traduz, em palavras, elementos visuais essenciais para a compreensão de uma obra ou situação. “Quando falamos em inclusão, não estamos tratando apenas do acesso à saúde ocular, mas também do direito à cultura, ao lazer e à informação. A audiodescrição amplia as possibilidades de interação social e contribui para a autoestima dos pacientes com perda visual. É um recurso que não substitui a visão, mas que traduz em palavras aquilo que o olhar não alcança, garantindo mais independência e qualidade de vida”, afirma a oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Muna Nasr.

Como funciona?

Durante uma peça de teatro, por exemplo, enquanto o público enxerga cenários, figurinos, expressões faciais e movimentações dos atores, o espectador com deficiência visual recebe, por meio de um fone de ouvido, informações narradas por um audiodescritor. Essa narração é feita nos intervalos das falas ou das músicas, sem atrapalhar o andamento da apresentação.

“No cinema, por exemplo, a audiodescrição pode ser oferecida através de aplicativos ou aparelhos individuais, permitindo que a pessoa acompanhe o filme de forma independente. Já em museus e exposições, o recurso pode estar disponível em áudios gravados, transmitindo descrições de obras, cores, formas e detalhes que completam a experiência cultural. É uma ferramenta muito útil para as pessoas com baixa visão”, explica a oftalmologista.

Importância para a inclusão

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, incluindo cegueira e baixa visão severa. Para esse público, a audiodescrição não é apenas um recurso técnico, mas sim uma ferramenta de inclusão social, cultural e educacional.

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