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sexta-feira, novembro 22, 2024

Mostra reúne pequenos filmes de grandes cineastas sobre a vida nas cidades

Em formato on-line e gratuito, Cinusp exibe 12 curtas de diretores como Joris Ivens, Tsai Ming-Liang, Pier Paolo Pasolini e Kleber Mendonça Filho

Está em cartaz no canal do Cinusp no YouTube a mostra “O lugar que habitamos”, cujo objetivo é jogar luz sobre a relação entre diferentes cidades e seus habitantes. Composto por 12 curta-metragens do Brasil, Senegal, Taiwan, Colômbia e Iêmen, o ciclo é realizado pela sala de cinema da USP em formato on-line e gratuito, dentro de seu projeto #CinuspDeCasa.

Um dos destaques da programação é o curta “Recife frio” (2009), de Kleber Mendonça Filho, diretor dos filmes “O som ao redor” (2012), “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019). Com mais de 50 prêmios no Brasil e no exterior, o curta é um pseudodocumentário que aborda uma estranha mudança climática em Recife, quando a cidade passa a ser inexplicavelmente fria.
A mostra também discute o espaço urbano litorâneo por meio dos curtas “Valparaíso” (1963), de Joris Ivens; “O porto de Santos” (1978), de Aloysio Raulino; e “Ser feliz no vão” (2020), de Lucas H. Rossi dos Santos.
Gravado no Chile pelo documentarista holandês Joris Ivens, “Valparaíso” mostra como a cidade do título funcionava em 1962, com destaque para sua organização espacial em meio aos morros, o que obriga à instalação de escadarias e teleféricos. O filme, com roteiro assinado pelo documentarista francês Chris Marker, também destaca o passado colonial da cidade e como isso se reflete em seu funcionamento.
Litoral
“O porto de Santos”, por sua vez, fala sobre a baía instalada no litoral paulista e como a população local se relaciona com a atividade portuária.
Já “Ser feliz no vão” é uma mescla de imagens de arquivo coloridas e em preto e branco que, juntas, questionam as complexidades da vivência, da moradia e do acesso a condições básicas de sobrevivência da população negra brasileira.
A mostra também exibe “Cidade de contrastes” (1969), de Djibril Diop Mambéty, que mostra o diálogo entre um senegalês e uma francesa para tratar dos conflitos culturais em Dacar, após a independência do país, em 1960.
Já “Na rua” (1948), de Helen Levitt, James Agee e Janice Loeb, trata da Nova York dos anos 1940 e de como as crianças se relacionavam com o espaço urbano da cidade, principalmente no Harlem Espanhol.
Outro destaque da mostra é o curta “Brasília – Contradições de uma cidade nova” (1967), de Joaquim Pedro de Andrade, que questiona a ideia de modernidade preconizada no planejamento e na construção da capital brasileira, incapaz de inibir a reprodução de desigualdades.

Verticalização

Em “E” (2014), os diretores Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos revisitam a história de São Paulo por meio de sua verticalização. Para isso, são utilizadas fotos de arquivo e imagens retiradas do Google Street View, que ajudam os realizadores a compararem o passado com o então presente.
“A passarela se foi” (2002), de Tsai Ming-Liang, mostra a demolição de uma passarela e os impactos disso na realidade dos moradores de Taipé, a capital de Taiwan. Já “Lúpus” (2016), dirigido por Carlos Alberto Gómez Salamanca, trata da dimensão ameaçadora dos processos de verticalização das cidades, ao abordar um caso real ocorrido em Bogotá, na Colômbia, em 2011.
Completam a programação os curtas “Patrimônio nacional” (2012), de Larissa Sansour, e “Os muros de Sana” (1971), de Pier Paolo Pasolini.
O primeiro retrata o espaço tomado da Palestina reduzido a um prédio, unificando toda a cidade, sitiada em meio ao deserto de Israel. Já o segundo retrata a cidade de Sana, capital do Iêmen, e os muros que a cercam.
A mostra “O lugar que habitamos” segue em cartaz no YouTube até 13 de março próximo. Todos os filmes estrangeiros contam com legendas em português.

“O Lugar que Habitamos”

Exibição de 12 curtas-metragens nacionais e estrangeiros. Até 13/3, no canal do Cinusp no YouTube. Gratuito

Confira os filmes em cartaz:

“Recife frio” (2009), de Kleber Mendonça Filho
“Valparaíso” (1963), de Joris Ivens
“O porto de Santos” (1978), de Aloysio Raulino
“Ser feliz no vão” (2020), de Lucas H. Rossi dos Santos
“Cidade de contrastes” (1969), de Djibril Diop Mambéty
“Na rua” (1948), de Helen Levitt, James Agee e Janice Loeb
“Brasília – Contradições de uma cidade nova” (1967), de Joaquim Pedro de Andrade
“E” (2014), de Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos
“A passarela se foi” (2002), de Tsai Ming-Liang
“Lúpus” (2016), de Carlos Alberto Gómez Salamanc
“Patrimônio nacional” (2012), de Larissa Sansour
“Os muros de Sana” (1971), de Pier Paolo Pasolini

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